Há um ano atrás enamorei-me por esta coisa de andar de mota. Quer dizer, assim, desta forma, a sério. Há um ano atrás, fiz o Portugal de Lés-a-Lés, como pendura, e adorei! Quando finalmente chegámos a Albufeira, cansados, a noite já ia avançada e eu, enquanto esperava na fila pelo momento de subir ao palanque, de sorriso nos lábios, decidi "para o ano venho na minha mota!".
Acho que não houve ninguém que não tivesse achado a ideia tão disparatada que não começasse a rir. Marido, família, amigos. Compreendo-os. Na verdade, há um ano atrás, eu nem sequer tinhar tinha experiência a andar de mota. Aliás, eu nem sequer tinha mota!
Eu insisti. O marido zangou-se com a insistência e tentou demover-me, até ao momento de eu lhe anunciar que a decisão estava tomada, portanto, disse-lhe eu, ou me ajudas a comprar a mota, ou compro-a sozinha (o que seria terrível, atendendo ao meu profundo conhecimento acerca de motas). Ele percebeu que eu falava a sério e conseguiu salvar-me de comprar um chaço velho e uma outra que, via-se logo!, após a primeira curva ia atirar comigo ao chão.
Comprei a Branquinha. Faltava o mais difícil: a experiência. A experiência não se compra no supermercado, nem se aluga num balcão dos serviços. Tinha mesmo de andar de mota! E andei! Andei, andei, andei! não fiz os 10000Km que os "entendidos" pediam como pré-requisitos, mas a vontade valia por muitos kilómetros e houve um momento qualquer em que o meu homem percebeu isso e me disse que sim, que eu era bem capaz de conseguir fazer o Lés-a-Lés.
Eu nunca duvidei que fosse capaz. Conheço-me bem. Quando quero, quero mesmo!
Além disso, um desafio assim, uma aventura destas é o melhor psicólogo, médico, terapeuta que se pode ter. Para terem uma ideia, havia 1550 motas. 14 (apenas! ) eram conduzidas por mulheres. A minha era uma delas!! Ser capaz, conseguir, chegar ao fim, fazer todo (mesmo todo!!!) o percurso e, no final, ter a certeza que se vai repetir é das melhores sensações do mundo.De repente, percebes que és capaz, que és forte, que a tua vontade te leva longe, porque não ficaste só a sonhar, e foste, fizeste, esforçaste-te.
Não o consegui sozinha.Claro que não! O meu maridão esteve sempre comigo, a orientar-me quando eu precisei que me dissessem para pôr a primeira e "prego a fundo" desviando-me das motas caídas, que os condutores estavam bem, e sem olhar para o rio lá em baixo, ou a curtir as suas curvas, quando eu queria tempo para a minha velocidade. Sem ele, não seria possível. Talvez o melhor de tudo seja mesmo saber que ele está ali ao meu lado, saber que o meu querer é também o querer dele, que a minha vontade é multiplicada por dois. A isto eu chamo felicidade!Obrigada, meu amor!
Ficaram com vontade de saber por aonde andei no Portugal Lés a Lés? Eu prometo que conto tudo num outro post...
Boas curvas!